A Hanseníase (conhecida, antigamente, como lepra) é uma doença infecciosa, contagiosa e de evolução crônica. Apesar de ser visível na pele, a hanseníase atinge também as mucosas e nervos periféricos, podendo causar lesões neurais e acarretar em danos irreversíveis.
No decorrer dos séculos, de forma imprecisa, a Hanseníase era agrupada juntamente com outras patologias cutâneas (como a psoríase, escabiose, impetigo) pela designação de lepra.
A infecção por Hanseníase acomete pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade.
Transmissão e sintomas da Hanseníase
Com origem ainda desconhecida, estima-se que esta seja uma das doenças mais antigas da humanidade, com registros de mais de 4 mil anos em países como Índia, China e Egito.
A bactéria causadora da Hanseníase é a Mycobacterium leprae. Sua transmissão se dá através da convivência muito próxima e prolongada com o doente da forma transmissora (chamada multibacilar) que não se encontra em tratamento, por contato com gotículas de saliva ou secreções do nariz.
Tocar a pele do paciente não transmite Hanseníase e cerca de 90% da população têm defesa contra a doença.
O período de incubação (tempo entre a aquisição da doença e da manifestação dos sintomas) varia de seis meses a cinco anos. A maneira como ela se manifesta também varia de acordo com a genética de cada pessoa.
Os principais sintomas que a doença apresenta incluem:
- Manchas brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas;
- Áreas da pele com alteração da sensibilidade térmica (ao calor e frio);
- Dor ao toque;
- Comprometimento dos nervos periféricos (geralmente engrossamento), associado a alterações sensitivas, motoras ou autonômicas;
- Áreas com diminuição dos pelos e suor;
- Sensação de formigamento/fisgadas, principalmente nas mãos e pés;
- Diminuição ou ausência da sensibilidade e força muscular na face, mãos e pés;
- Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.
Hanseníase Paucibacilar e Multibacilar
Para fins de tratamento, a hanseníase pode ser classificada em Paucibacilar e Multibacilar:
Paucibacilar:
- Hanseníase indeterminada: estágio inicial da doença, com um número de até cinco manchas de contornos mal definidos e sem comprometimento neural;
- Hanseníase tuberculoide: manchas ou placas de até cinco lesões, bem definidas, com um nervo comprometido. Pode ocorrer neurite (inflamação do nervo).
Multibacilar:
- Hanseníase borderline ou dimorfa: manchas e placas, acima de cinco lesões, com bordas bem ou pouco definidas, com comprometimento de dois ou mais nervos e ocorrência de quadros reacionais com maior frequência;
- Hanseníase virchowiana: forma mais disseminada da doença. Há dificuldade para separar a pele normal da danificada, podendo comprometer nariz, rins e órgãos reprodutivos masculinos. Pode haver a ocorrência de neurite e eritema nodoso (nódulos dolorosos) na pele.
A forma Multibacilar não tratada possui potencial de transmissão.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico dos casos de Hanseníase é realizado através do exame físico geral e dermatoneurológico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade, comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas, motoras ou autonômicas.
O tratamento é gratuito e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Varia de seis meses (nas formas paucibacilares) a um ano (nos multibacilares), podendo ser prorrogado ou feita a substituição da medicação em casos especiais.
Após a primeira dose da medicação não há mais risco de transmissão durante o tratamento e o paciente pode conviver em meio à sociedade.
Prevenção
Apesar de não haver uma forma de prevenção específica, existem medidas que podem evitar novos casos e as formas multibacilares, tais como:
- Diagnóstico e tratamento precoces;
- Exame das pessoas que residem ou residiram nos últimos cinco anos com o paciente;
- Aplicação da vacina BCG, para melhorar a resposta imunológica dos contatos do paciente.
A Hanseníase é uma doença com tratamento eficaz e que pode ser curada.